quinta-feira, abril 12, 2007

Etra

Ao rever minha trajetória
Alguns rabiscos de cartão
Com cor, sombra e tinta
Não me tornaram artista
Algumas harmonias bem boladas
Com letra, melodia
Também não me tornaram artista
O quê sou?
O que sei é que a atividade criativa não é exclusividade deles
Eu, como amante da arte tenho capacidade
Capacidade de admirar
De querer desvendar e reconhecer
E de tentar criar
Até o impossível
Ela não é pra fazer sentido, é irmã da sabedoria! Da beleza!
É irmã da filosofia!
Mas se ser praticante não me torna artista,
Tornaria de qual forma?
Minha total lucidez sobre o que produzo responde
Me refiro ao bom-senso
Então é isso.
Sou amante da arte!

"Artista é o caralho! É o caralho!"

quarta-feira, abril 04, 2007

Terça-feira minha

A rua, de costume, corre livre a noite.
Não naquele dia.
Cidade estranha
Por algo que acontecia.
Já em movimento, com o vento na cara,
Observei o céu limpo.
Estamos sem chuva há dias.
Sem neblina, sem nuvem no céu.
Aquele azul escuro-marinho
Coberto de pingos brilhantes que chamam alguma atenção.
Era cor incomum.
O sol já se escondia atrás do morro
em "stand-by".
Já era hora de criança estar na cama
E a bossa que escutava dava trilha sonora ao momento.
O pianista faria aniversário.
Luizinho Eça.
Batidas diferentes, solos mirabolantes e vocais mais que ardentes.
Senti saudade de uma época que não vivi.
Não era, então, saudade.
Apenas a vontade de estar naquele ambiente de fotografia, onde a mais pura alegria encantava quem era jovem.
Os barzinhos da cidade, a música por valer, a arte admirada.
Época em que além de discussões inteligentes, fazia-se samba e amor até tarde.
Naquele dia senti a paz. Eu estava bem comigo mesma.